Há sempre um lápis na ponta do grito que desenha uma nova
madrugada. Há sempre um lápis de cabeça erguida e braços abertos ao horizonte.
Há sempre um lápis numa enseada de futuro. Há sempre um lápis dentro de uma paisagem,
ou de uma palavra; à espera dos dedos que habitam o olhar dos inquietos. Há
sempre um lápis pronto para ser a viagem dos iniciados na arquitectura das esferas.
Houve um lápis em Tebas, houve um lápis em Atenas. E o lápis de Lisboa? Aquele
que saiu do Tejo e traçou o jamais imaginado? Há sempre um lápis de veias, sangue
e vontade, há sempre um lápis a reinventar o mundo, há sempre um lápis no alimento
do Ser. “Sou um vestíbulo do impossível um lápis de armazenado espanto…”, diz
Natália Correia. É bom atravessar os dias como um lápis, neles escrever: ar, mar,
amar - e por aí navegar. Ir, partir, de noite ou de dia. Ir… porque o sonho não
se gasta e se se gastar, temos a poesia para o afiar.
Soares Teixeira – 08-07-2013
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