Alonguei
os pés
como
quem calça uns sapatos novos
e
mergulhei-os dentro da água
nua e
fresca
a
oferecer-se
como
presente sempre eterno
As
minhas mãos estavam
ao
lado do corpo
sobre
a rocha onde me sentava
mas
tinha os braços abertos
porque
era assim o meu respirar
O mar
recebia
os
peninsulares dedos dos meus pés
que se
abriam e contorciam de gozo
como
príncipes
celebrando
a conquista de um novo reino
O sol
a debicar-me nas pálpebras
cada
raio uma gaivota
em
busca de alimento
talvez
os meus pensamentos
Com
todos os navios do olhar
rumo
ao horizonte
levava
nessa tranquila frota
os
meus sentimentos
o
resto
matéria
para dar vida à liberdade
que
ficasse
como a
rocha
o
olhar que fosse
ser
instante sem moldura
Ao ver
uma gaivota passar
senti-a
tão verdadeira como as outras
as que
são feitas de luz e espanto
e que
eu alimento
com
aquilo que me dá o ser
o
pensamento
De
repente dois peixes
a
passear tranquilos no mar
chamam-me
a atenção
sinto-os
felizes
debruço-me
para os ver melhor
faço-os
agitar
saltam
como loucos
como
são bonitos
os
meus pés
Soares Teixeira – 15-05-2013
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