domingo, 8 de novembro de 2009

Carmina Burana

Ontem, no Coliseu dos Recreios, em Lisboa, revi Carmina Burana. Uma obra hipnótica que desde a sua inauguração, em 1937, tem atraido multidões por todo o mundo. Mística e mágica a Roda da Fortuna de Carmina Burana gira e leva-nos nos seus eixos.
Com textos da Idade Média e música do século XX, Carmina Burana conduz-nos para a fruição da história, da vida, do transitório e do eterno.





Soares Teixeira

terça-feira, 3 de novembro de 2009

"ENQUANTO O OLHAR ATRAVESSA O QUINTAL" - Soares Teixeira




Enquanto o olhar atravessa o quintal
No canteiro
A rosa
Aberta vermelha perfumada
Atravessa o nada para ser tudo
No cabelo negro de uma saudade
Ao fundo
A porta da casa
(Antes era a porta de casa)
Fechada
Surda
Muda
Inerte
Sem mãos que dela se estendam
As ondas já não são de espuma
Alta e cintilante
O horizonte é um pássaro dentro da retina
O resto
Apenas instantes
Que atravessam o corpo



Soares Teixeira

quinta-feira, 29 de outubro de 2009

50 anos de Astérix

Sempre fui um fã incondicional de Ásterix. Não só pelos personagens ou pelas histórias, mas pela mensagem: os "Gauleses" somos todos nós - mesmo sitiados resistir é a única alternativa.





Soares Teixeira

quinta-feira, 22 de outubro de 2009

Liszt

A 22 de Outubro de 1811, na Hungria, nasceu um dos maiores compositores de todos os tempos: Franz Liszt. Pianista virtuoso e revolucionário da técnica do piano marcou uma época e foi um ponto de viragem na história da música. O nome de Liszt tornou-se sinónimo de absoluto e transcendência. Génio do Romantismo, homem do seu tempo, mas muito para lá do tempo - de qualquer tempo - Liszt faz-nos atravessar o inimaginável.






Soares Teixeira

domingo, 18 de outubro de 2009

O Camareiro

Em "O Camareiro" Ronald Harwood mostra-nos até onde pode ir o amor à grande arte do Teatro. Ruy de Carvalho num papel que lhe assenta como uma luva e Virgílio Castelo em excelente desempenho apresentam-nos um tocante retrato da vida nos bastidores de um teatro. Vidas dentro da vida, trajectórias que se cruzam, sentimentos à flor da pele. A encenação é de de João Mota. Esta magnífica peça está em cena do Teatro Nacional D. Maria II, em Lisboa, até 25 de Outubro.

terça-feira, 13 de outubro de 2009

Requiem para um PC

O meu Laptop morreu. Tinha já 8 anos. Velhinho. Disseram-me numa Clínica de computadores que devolvê-lo à vida era mais caro que comprar um novo. "Paz à sua alma" - pensei, enquanto caminhava no Centro Comercial com o defunto PC dentro da respectiva mala. Na verdade apenas lamento o dinheiro que dei por ele e que agora perco.
Mas... há aqui qualquer coisa... começa a haver qualquer coisa com os computadores. O que é que em nós initimamente evolui com eles? estes objectos, a que temos vindo a conceder uma vertiginosa capacidade de pensar, poderão já ter adquirido Sentimento. Vistas as coisas racionalmente; é claro que não. Patetice. Contudo é através deles, e cada vez mais através deles, que alteramos os nossos sentimentos - basta navegar uns minutos na Internet ou jogar um jogo no computador. E é sempre mais o que queremos dos computadores, estamos ávidos de maior capacidade da máquina e interacção com ela. O desejo alimenta-se de si próprio. O consumo alimenta-se de si próprio. Os nossos computadores são a impensável ficção científica de há meia dúzia de décadas e os dinossauros daquilo que daqui a meia dúzia de décadas se fará. Caminhamos com o espanto da velocidade da invenção. Alongamo-nos nesta corrida. Nem tudo aquilo de que somos feitos acompanha o progresso à mesma velocidade. Criamos relatividade, energia, tensão.
Apetece estar na praia simplesmente a sentir a água, a areia e o Sol, pensar que há três mil anos alguém sentiu o mesmo bem-estar e desejar que daqui a três mil anos alguém possa ter essa mesma sensação. Apetece o desejo de continuidade das coisas primordiais que tornam o Ser Humano consciente do seu Cosmos interior e do Grande Mistério onde os opostos convergem.


Soares Teixeira

domingo, 11 de outubro de 2009

Piaf

Ontem, depois de assisir a um recital de poesia por Luis Machado fui a Politeama ver "Piaf". Não é fácil colocar em palco a vida terrível e tremenda de um dos maiores mitos da canção de todos os tempos. Edith Piaf em tudo foi excesso; a miséria absoluta dos seus primeiros anos de vida haveriam de marcar uma existência dolorosa e conturbada. Ficou a voz potente, magnética e peregrina. Aquela fraca figura tinha um poder único: a voz, a voz que nos emociona e nos faz transcender. Fica também a lição: às vezes uma pobre e insignificante criatura pode ter dentro de si um diamante raro e tornar-se a glória de um país. Piaf contribui mais para a reflexão sobre a condição humana do que muitos filósofos.
Vanda Stuart no papel de Piaf esteve à altura. La Feria mais uma vez de parabéns. Ontem tive oportunidade de dizer isso mesmo aos dois.






Soares Teixeira