Certo patrício nosso brasileiro,
Depois de ter corrido o mundo inteiro
Ao voltar de Paris desenganado
Dos médicos, que tinha consultado,
Achou-se num wagon com um inglês,
O desgraçado tinha mal de pés.
E a última palavra da ciência
Era ir vivendo e tendo paciência!
Mostrou-se o bife incomodado,
Fungando para um e outro lado…
Como quem busca o foco de infecção;
Diz-lhe o nosso infeliz compatriota,
A apontar-lhe com o dedo a bota
E exalando um suspiro de paixão:
– Eis a causa, senhor, eis o motivo!…
O que eu não sei é como ainda vivo!
Tenho gasto rios de dinheiro,
E sempre, sempre, sempre o mesmo cheiro!
E isto por ora vá!… mas alto dia
Quando aperta o calor… Virgem Maria!…
“E diga-me: em lavando os pés refina,
Ou sente algum alívio?”
– “Isso não sei,
Sei que tenho exaurido a medicina;
mas lavar é que nunca experimentei.”
Às vezes dá-se ao médico o dinheiro
Que se devia dar ao aguadeiro.
João de Deus
quinta-feira, 27 de abril de 2017
sábado, 22 de abril de 2017
"CÁLICE" - Soares Teixeira
Música
o piano vai bebendo
da pausa onde estou liquefeito
o meu sangue escuta
em silêncio
sons com corpos de aves
unidade nas pétalas do tempo
circular serenidade sem limite
alma de luz côncava
Soares Teixeira
22/04/2017 - 21.42h
( dedicado a NOWHERE, Marino Formenti com Ricardo Jacinto)
Integrado no BoCa (Biennial of Contemporary
Arts) está a decorrer na Gulbenkian um interessantíssimo projecto intitulado “Nowhere”.
Durante 20 dias – 9 a 29 de Abril de 2017 - o pianista e maestro italiano
Marino Formenti vive numa casa temporária concebida por Ricardo Jacinto e montada no palco do
Anfiteatro ao Ar Livre da Fundação Calouste Gulbenkian. Aí o pianista toca, come
e dorme – vive! Durante todos esse tempo o público pode entrar e sair da casa, podendo
ainda acompanhar o artista através de streaming. Escrevi este poema em homenagem
a esta fabulosa iniciativa. Agora e sempre há valores que importa defender.
Muitos deles estão expressos nesta magnífica iniciativa.
FERNANDO PESSOA - "No comboio Descendente"
No comboio descendente
Vinha tudo
à gargalhada.
Uns por
verem rir os outros
E outros
sem ser por nada
No comboio
descendente
De Queluz à
Cruz Quebrada...
No comboio
descendente
Vinham
todos à janela
Uns calados
para os outros
E outros a
dar-lhes trela
No comboio
descendente
De Cruz
Quebrada a Palmela...
No comboio
descendente
Mas que
grande reinação!
Uns
dormindo, outros com sono,
E outros
nem sim nem não
No comboio
descendente
De Palmela
a Portimão
Fernando Pessoa
domingo, 16 de abril de 2017
sexta-feira, 14 de abril de 2017
MOZART - "REQUIEM"
Porque hoje é Sexta-Feira Santa trago o Requiem de Mozart, com direcção de John Eliot Gardiner, tocado no deslumbrante Palau de la Musica Catalana, em Barcelona. Também uma recordação muito intensa porque estive lá há poucos anos, a assistir a esta mesma sublime criação de Mozart (muito bem sentado, de frente, central e no balcão).
domingo, 9 de abril de 2017
ADRIANO CORREIA DE OLIVEIRA
Hoje, se a morte não o tivesse levado tão jovem - 40 anos - o grande Adriano Correia de Oliveira faria 75 anos. Vários espectáculos foram neste dia realizados para assinalar a data. Estive num deles, no Barreiro. Casa cheia com um programa fabuloso que começou pela Balada de Coimbra e terminou com Vitorino.
sexta-feira, 7 de abril de 2017
MARIA TERESA DE NORONHA - "Fado Corrido"
Maria Teresa de Noronha: a superior elegância de uma voz afinadíssima e de maravilhoso timbre. Um dos Diamantes do Fado.
segunda-feira, 3 de abril de 2017
Navio de Cruzeiros "Independence of the Seas"
Rápida visita a um dos mais colossais e espectaculares navios de cruzeiros jamais construídos, o "Independence of the Seas" da Royal Caribbean.
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