Desejo ser a curva que retorna ao gesto
o gesto que retorna à dança
a dança que retorna ao templo
desejo cerejas a deslizar entre os dedos
e entranhar os dedos no voo das aves
e beijar o sol com lábios de rio
desejo abrir cavernas ocultas
e delas fazer surgir viagens
e sonhos que se julgavam de ancas inertes
desejo a longa… longa… longa,.. fita vermelha
desejo a corda da harpa que se estende pelo horizonte
desejo…
e enquanto desejo sou música de calcanhares no ar
sim…
ornamentado de instantes
desejo celebrar o cântico da luz
em todos os pássaros
em todos os peixes
em todas as flores
sim…
desejo…
um desejo de sangue antigo
em corpo de memória futura
sim…
desejo!
Soares Teixeira – 24-07-2017
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