FÁTIMA, 13 DE OUTUBRO DE 2020
entro num ponto de interrogação
percorro-lhe a forma
pergunto-lhe o que há no seu interior
responde-me
respondo-me
há um nada tudo
há um nunca sempre
há um dentro fora
há um útero que é vulcão
há lava expelida
há caos e turbilhão
há eixo e rotação
há o que se afasta
há o que se aproxima
há o que se cruza
há o acaso
há o destino
há
há
há
como sair do ponto de interrogação
há a câmara lenta da ilusão
há o tarde e o cedo
há o silêncio
há a pergunta
como sair do ponto de interrogação
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Soares Teixeira – 08-10-2020
(© todos os direitos reservados)
(Painel de azulejos em Portimão representando a assinatura do Tratado de Zamora
A 5 de Outubro de 1143, em Zamora, dá-se a assinatura de um importantíssimo Tratado, conhecido como "Tratado de Zamora" , que constitui a declaração de independência de Portugal e o início da dinastia afonsina. O Tratado foi assinado entre Dom Afonso Henriques e Afonso VII de Leão e Castela, na presença do Cardeal Guido de Vico. A acção diplomática do Arcebispo de Braga, Dom João Peculiar, foi de grande importância para para o sucesso deste projecto e, consequentemente, para o surgimento do Reino de Portugal.
As bocas bebem-se
os braços são leques
as pernas sereias
ancas ondulam
pupilas em alvoroço
a terra recebe o sol
aves irrompem das veias
incendeiam-se os gemidos
Orgasmo é nome de astro
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Soares Teixeira – 06-09-2020
(© todos os direitos reservados)
Desde quando?
Desde onde?
a escuridão a convocar a luz
a luz no gume da razão
Este aqui!
Este agora!
que artes tem a ilusão?
de que enigma se veste o sonho?
Viver…
consumir limites
ser alimento da distância
Regressar…
ao onde e ao quando
que permanecem indecifráveis
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Soares Teixeira – 18-08-2020
(© todos os direitos reservados)