sábado, 18 de julho de 2020
quarta-feira, 1 de julho de 2020
AMÁLIA RODRIGUES.- 100 ANOS - AMÁLIA PARA SEMPRE
https://pt.wikipedia.org/wiki/Am%C3%A1lia_Rodrigues
(Amália nasceu a 1 de Julho, segundo a própria, que nesse dia celebrava o seu aniversário, mas foi registada a 23 de Julho)
quarta-feira, 1 de abril de 2020
domingo, 1 de março de 2020
domingo, 5 de janeiro de 2020
"FERNÃO DE MAGAHÃES", FERNANDO PESSOA
Homenageando o "NRP Sagres", que a 05-01-2020 zarpou do Cais de Santa Apolónia, em Lisboa, para recriar a viagem de circum-navegação de Fernão Magalhães efectuada há 500 anos. O seu regresso está marcado para 10 de Janeiro de 2021.
BOA VIAGEM
FERNÃO DE MAGALHÃES
No vale clareia uma fogueira.
Uma dança sacode a terra inteira.
E sombras disformes e descompostas
Em clarões negros do vale vão
Subitamente pelas encostas,
Indo perder-se na escuridão.
De quem é a dança que a noite aterra?
São os Titãs, os filhos da Terra,
Que dançam da morte do marinheiro
Que quis cingir o materno vulto —
Cingi-lo, dos homens, o primeiro —,
Na praia ao longe por fim sepulto.
Dançam, nem sabem que a alma ousada
Do morto ainda comanda a armada,
Pulso sem corpo ao leme a guiar
As naus no resto do fim do espaço:
Que até ausente soube cercar
A terra inteira com seu abraço.
Violou a Terra. Mas eles não
O sabem, e dançam na solidão;
E sombras disformes e descompostas,
Indo perder-se nos horizontes,
Galgam do vale pelas encostas
Dos mudos montes.
s.d.
Mensagem. Fernando Pessoa. Lisboa: Parceria António Maria
Pereira, 1934 (Lisboa: Ática, 10ª ed. 1972). - 67.
Etiquetas:
História e Lugares,
Minhas leituras,
Poesia
domingo, 25 de agosto de 2019
"SONETO DOS QUARTOS DE ALUGUER", DAVID MOURÃO-FERREIRA
SONETO DOS QUARTOS DE ALUGUER
O amor é só de quem os olhos cerra
no desalmado instante da entrega.
Cerrai-vos, olhos meus, antes que cega
Vos cegue a lucidez que nos faz guerra.
Cerrai-vos, olhos meus, que os indiscretos
são punidos com leis muito severas…
Cerrados, sentireis… que primaveras!
Abertos, que vereis senão objectos?
E que abjectos objectos! tão prosaicos:
tapetes de aluguer com flor’s manchadas;
entre os pés do biombo, continuadas
as tábuas do soalho por mosaicos…
…Sempre esse frio sórdido, a seguir
ao fogo em que nos qu’remos consumir!
David Mourão-Ferreira, in “Obra Poética”
sábado, 24 de agosto de 2019
"SONETO DO CATIVO", DAVID MOURÃO-FERREIRA
SONETO DO CATIVO
Se é sem dúvida Amor esta
explosão
de tantas sensações contraditórias;
a sórdida mistura das memórias,
tão longe da verdade e da invenção;
o espelho deformante; a profusão
de frases insensatas, incensórias;
a cúmplice partilha nas histórias
do que os outros dirão ou não dirão;
se é sem dúvida Amor a cobardia
de buscar nos lençóis a mais sombria
razão de encaminhamento e de desprezo;
não há dúvida, Amor, que te não fujo
e que, por ti, tão cego, surdo e sujo,
tenho vivido eternamente preso!
de tantas sensações contraditórias;
a sórdida mistura das memórias,
tão longe da verdade e da invenção;
o espelho deformante; a profusão
de frases insensatas, incensórias;
a cúmplice partilha nas histórias
do que os outros dirão ou não dirão;
se é sem dúvida Amor a cobardia
de buscar nos lençóis a mais sombria
razão de encaminhamento e de desprezo;
não há dúvida, Amor, que te não fujo
e que, por ti, tão cego, surdo e sujo,
tenho vivido eternamente preso!
David Mourão-Ferreira, in “Obra Poética”
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