domingo, 1 de março de 2020

MIRELLA FRENI



MIRELLA FRENI : Modena, 27 de Fevereiro de 1935 – Modena, 9 de Fevereiro de 2020


domingo, 5 de janeiro de 2020

"FERNÃO DE MAGAHÃES", FERNANDO PESSOA


Homenageando o "NRP Sagres", que a 05-01-2020 zarpou do Cais de Santa Apolónia, em Lisboa, para recriar a  viagem de circum-navegação de Fernão Magalhães efectuada há 500 anos. O seu regresso está marcado para 10 de Janeiro de 2021.


BOA VIAGEM



FERNÃO DE MAGALHÃES

No vale clareia uma fogueira.
Uma dança sacode a terra inteira.
E sombras disformes e descompostas
Em clarões negros do vale vão
Subitamente pelas encostas,
Indo perder-se na escuridão.

De quem é a dança que a noite aterra?
São os Titãs, os filhos da Terra,
Que dançam da morte do marinheiro
Que quis cingir o materno vulto —
Cingi-lo, dos homens, o primeiro —,
Na praia ao longe por fim sepulto.

Dançam, nem sabem que a alma ousada
Do morto ainda comanda a armada,
Pulso sem corpo ao leme a guiar
As naus no resto do fim do espaço:
Que até ausente soube cercar
A terra inteira com seu abraço.

Violou a Terra. Mas eles não
O sabem, e dançam na solidão;
E sombras disformes e descompostas,
Indo perder-se nos horizontes,
Galgam do vale pelas encostas
Dos mudos montes.


s.d.
Mensagem. Fernando Pessoa. Lisboa: Parceria António Maria Pereira, 1934 (Lisboa: Ática, 10ª ed. 1972). - 67.









domingo, 25 de agosto de 2019

"SONETO DOS QUARTOS DE ALUGUER", DAVID MOURÃO-FERREIRA




SONETO DOS QUARTOS DE ALUGUER


O amor é só de quem os olhos cerra
no desalmado instante da entrega.
Cerrai-vos, olhos meus, antes que cega
Vos cegue a lucidez que nos faz guerra.

Cerrai-vos, olhos meus, que os indiscretos
são punidos com leis muito severas…
Cerrados, sentireis… que primaveras!
Abertos, que vereis senão objectos?

E que abjectos objectos! tão prosaicos:
tapetes de aluguer com flor’s manchadas;
entre os pés do biombo, continuadas
as tábuas do soalho por mosaicos…

…Sempre esse frio sórdido, a seguir
ao fogo em que nos qu’remos consumir!



David Mourão-Ferreira, in “Obra Poética”

sábado, 24 de agosto de 2019

"SONETO DO CATIVO", DAVID MOURÃO-FERREIRA








SONETO DO CATIVO

Se é sem dúvida Amor esta explosão
de tantas sensações contraditórias;
a sórdida mistura das memórias,
tão longe da verdade e da invenção;

o espelho deformante; a profusão
de frases insensatas, incensórias;
a cúmplice partilha nas histórias
do que os outros dirão ou não dirão;

se é sem dúvida Amor a cobardia
de buscar nos lençóis a mais sombria
razão de encaminhamento e de desprezo;

não há dúvida, Amor, que te não fujo
e que, por ti, tão cego, surdo e sujo,
tenho vivido eternamente preso! 


David Mourão-Ferreira, in “Obra Poética”

quarta-feira, 8 de maio de 2019

"FUNERAL BLUES", W. H. AUDEN - SOARES TEIXEIRA




FUNERAL BLUES - W. H. AUDEN

Stop all the clocks, cut off the telephone,
Prevent the dog from barking with a juicy bone,
Silence the pianos and with muffled drum
Bring out the coffin, let the mourners come.

Let aeroplanes circle moaning overhead
Scribbling on the sky the message ‘He is Dead’.
Put crepe bows round the white necks of the public doves,
Let the traffic policemen wear black cotton gloves.

He was my North, my South, my East and West,
My working week and my Sunday rest,
My noon, my midnight, my talk, my song;
I thought that love would last forever: I was wrong.

The stars are not wanted now; put out every one,
Pack up the moon and dismantle the sun,
Pour away the ocean and sweep up the wood;
For nothing now can ever come to any good.

quinta-feira, 2 de maio de 2019

LEONARDO DA VINCI




(Anchiano, 15 de Abril de 1452 — Amboise, 2 de Maio de 1519)

Nos 500 anos da morte do Grande Génio do Renascimento