terça-feira, 28 de novembro de 2017

"NAVIO" - Soares Teixeira



Lentamente
as estrelas abrem-me os botões da camisa
só elas têm aqueles dedos de vinho e luz
e ninguém melhor do que elas
consegue acariciar o meu tronco nu

Torno-me espaço para lá matéria
volúpia
sinto constelações na medula do Ser
e, navio de sede
ondulo no olhar de uma divindade


Soares Teixeira – 13-11-2017
(© todos os direitos reservados)

sexta-feira, 3 de novembro de 2017

"BEM ALTO" - Soares Teixeira



bem alto
no tecto da saudade
há mortos que florescem
nas árvores do peito
e aos lábios
chega um sabor a tempo antigo
tão forte
que apetece fechar as pálpebras
e ser espaço
onde os abraços se libertem
da improbabilidade de acontecer

o vento da memória…
para onde ele nos pode levar
ah… quando a distância toca no ombro
e diz que não existe


Soares Teixeira – 02-11-2017
(© todos os direitos reservados)

quarta-feira, 1 de novembro de 2017

"PROA" - Soares Teixeira



Sabes, Sol
há, na minha saudade
um odor a astro

Sim, eu sei que tu sabes, Sol
há no meu olhar
dois braços estendidos

e há, Sol
uma proa de futuro
em todos as nossas conversas


Soares Teixeira – 01-11-2017
(© todos os direitos reservados)

"PARTIR" - Soares Teixeira




Partir
viajar num raio de Sol
até àquele tempo
em que não há saudades
de coisa nenhuma
porque tudo é ainda
luz de sangue novo
e rebanho a pastar
na liberdade da inocência

Partir
ascender
e respirar infância


Soares Teixeira – 30-10-2017
(© todos os direitos reservados)

domingo, 29 de outubro de 2017

"ESTUÁRIO" - Soares Teixeira



Pego num livro
preparo-me
e o preparar-me é sentir
que antes de estar na palavra
sou estuário
uma desembocadura de rio
uma transição
Depois habito a viagem
e todos os meus ossos
são cavalos a galope
e da minha carne
fica uma raiz com olhos
Intenso
exterior ao movimento
de milhares de pés das pressas
da dança das conveniências
das tesouras dos olhares
vou escrevendo na minha sede
aquilo que a viagem me ensina
Quando termino a leitura
sinto-me estuário mais largo
e com mais horizonte
na ânsia da asa


Soares Teixeira – 27-10-2017
(© todos os direitos reservados)

quinta-feira, 19 de outubro de 2017

JACQUELINE DU PRÉ : GÉNIO E TRAGÉDIA



A 19 de Outubro de 1987 faleceu, em Londres, vítima de esclerose múltipla, Jacqueline du Pré, um dos maiores talentos do violoncelo.