Fujo da sombra; cerro os olhos: não há nada.
A minha vida nem consente
rumor de gente
na praia desolada.
Apenas decisão de esquecimento:
mas só neste momento eu a descubro
como a um fruto rubro
de que, sem já sabê-lo, me sustento.
E do Sol amarelo que há no céu
somente sei que me queimou a pele.
Juro: nem dei por ele
quando nasceu.
David Mourão-Ferreira, in "Tempestade de Verão"
https://pt.wikipedia.org/wiki/David_Mour%C3%A3o-Ferreira
terça-feira, 14 de março de 2017
domingo, 12 de março de 2017
Motor Marítimo Sulzer 12RTA96C
Um vídeo sobre a Máquina Principal Sulzer/Wärtsilä 12RTA96C, do navio Maersk Kimi.
Durante alguns anos, enquanto Oficial Engenheiro Maquinista da Marinha Mercante, este foi o meu mundo. Tecnologia em estado puro e pura poesia. Só para entendidos...
quinta-feira, 9 de março de 2017
terça-feira, 7 de março de 2017
"RETRATO" - Cecília Meireles
Eu não tinha este rosto de hoje,
Assim calmo, assim triste, assim magro,
Nem estes olhos tão vazios,
Nem o lábio amargo.
Eu não tinha estas mãos sem força,
Tão paradas e frias e mortas;
Eu não tinha este coração
Que nem se mostra.
Eu não dei por esta mudança,
Tão simples, tão certa, tão fácil:
— Em que espelho ficou perdida
a minha face?
Cecília Meireles
Assim calmo, assim triste, assim magro,
Nem estes olhos tão vazios,
Nem o lábio amargo.
Eu não tinha estas mãos sem força,
Tão paradas e frias e mortas;
Eu não tinha este coração
Que nem se mostra.
Eu não dei por esta mudança,
Tão simples, tão certa, tão fácil:
— Em que espelho ficou perdida
a minha face?
Cecília Meireles
sábado, 4 de março de 2017
"PRIMEIRO AUTOMÓVEL" - Carlos Drummond de Andrade
Que Coisa-Bicho
que estranheza preto-lustrosa
evém-vindo pelo barro afora?
É o automóvel de Chico Osório
é o anúncio da nova aurora
é o primeiro carro, o Ford primeiro
é a sentença do fim do cavalo
do fim da tropa, do fim da roda
do carro de boi.
Lá vem puxado por junta de bois.
que estranheza preto-lustrosa
evém-vindo pelo barro afora?
É o automóvel de Chico Osório
é o anúncio da nova aurora
é o primeiro carro, o Ford primeiro
é a sentença do fim do cavalo
do fim da tropa, do fim da roda
do carro de boi.
Lá vem puxado por junta de bois.
Carlos Drummond de Andrade
Obs:
Evém - Expressão correspondente às locuções verbais - lá vem, ali vem, já vem.
Muito utilizada no interior de Minas Gerais., Brasil.
terça-feira, 28 de fevereiro de 2017
sábado, 25 de fevereiro de 2017
"EL INGENIERO POÉTICO" - Jesús Lizano
¡Viva el ingeniero poético!
El ingeniero
que construye caminos
y canales y puertos
en el alma, en el mundo
de la libertad,
en el mar
de los sueños.
¡Viva el ingeniero
de la vida interior,
el telecomunicador
del sentimiento, de la aventura,
el industrializador
de la fantasía y del instinto
creador,
el inspector
de la música, del concierto
que nace de los sentidos
y se une al rumor
de las aves y de los bosques,
de los océanos!
Viva el ingeniero
que anima la soledad,
el silencio,
el ingeniero soñador,
el soñador ingeniero.
Viva el ingeniero poético,
el antiseñor,
el diseñador
de las alas del hombre
volador
sobre la alegría, sobre el dolor,
el ingeniero de la belleza,
el verdadero honor.
De qué nos sirven esos canales
y esos puentes,
el continente
del mundo exterior,
esos puertos
que la locura de la Razón
construye sobre nuestro ingenuo
vivir si no construimos
el mundo de nuestro temblor,
de nuestro
encendernos y apagarnos,
del inmenso y escondido amor,
el contenido
de nuestra pasión.
¡Viva el ingeniero liberador
de las fronteras, de las cárceles,
de pensamiento perverso,
de la enajenada canción,
de todos los edificios
siempre en construcción!
De qué nos sirve el ingeniero,
el zapador
dominante del mundo si ese mundo
confunde nuestros sueños,
divide nuestras vidas,
ahoga nuestra inocencia
y ciega nuestro sol.
¡Viva el ingeniero poético
y la madre -la Poesía-
-sí- que lo parió.
JESÚS LIZANO
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