Estamos no sulco de rodas de bicicleta
vivemos em sono e despertar de asa
sonhamo-nos novos astros e novas órbitas desejamo-nos dentro do círculo das nascentes e com os braços impregnados de perguntas procuramos nas areias do mistério a resposta para a maior das questões: - Quem conduz a bicicleta? enquanto isso estendem sobre as nossas cabeças a crença de que as bombas atómicas são tão necessárias como o nascer-do-sol, as uvas ou as estradas Estamos montados no dorso de mísseis nucleares pintados com o nosso sangue e ninguém pergunta: - Quem alimenta as bestas?
Tantas vezes uma dor de braços ao segurar o telhado do quotidiano mas é preciso continuar; ser amável, sorrir dizer coisas mais ou menos leves ir com o vento até junto dos pássaros e brincar com eles acenar ao Sol com chapéu de nuvem libertar um galo no silêncio e um palhaço num verbo de olhar triste continuar lançar os dados para o além-lágrima não deixar que a imensa pedra se torne insustentável aos músculos dos dias tantas vezes a dor de resistir