As minhas pálpebras atravessam a folhagem das palavras
as minhas janelas são os braços a beber ar fresco
o meu chão tem voz de futuro
os meus jardins são a música que me beija o mar
os meus azuis são os de águia viciada em horizonte
as minhas camisas são de sol com botões de orvalho
os meus calções são um princípio de lugar
vou descalço no coaxar das rãs
no meu gesto o descobrir de um pêssego para lá da porta
nos meus passos o algodão com desejo de ser nuvem
a minha oração é o ser gato sem me assustar com o cair da noite
e não mudarei de alma
Soares Teixeira – 18-01-2017
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