quarta-feira, 9 de novembro de 2016
segunda-feira, 7 de novembro de 2016
"SEDE" - Soares Teixeira
Preciso de sede
para que as minhas pálpebras
sejam navio
beber distâncias
amanhecer nos pássaros
sede
preciso de sede
para navegar
espera-me o búzio de luz
exacto
e inaugural
como a minha sede
preciso de sede
para me oferecer à sede
preciso de ser oferenda
voz que se entrega ao cântico
onda que se dá ao mar
astro que se lança ao infinito
oferenda
de mim para mim
espera-me a rosa do espaço
suspensa
sobre a frescura
de uma palavra inicial
Soares Teixeira – 07-11-2016
(© todos os direitos reservados)
sexta-feira, 4 de novembro de 2016
quinta-feira, 3 de novembro de 2016
"INTIMIDADE" - Soares Teixeira
O Sol contempla a criança doente
e a criança é a Terra
“Que aconteceu ao Paraíso?”
- pergunta
enquanto respira fundo a sua própria luz
“O bicho homem é mau”
responde um rio
que vai espalhando o olhar pelo céu
faz-se silêncio na festa das flores
que abanando os delicados caules
manifestam o seu acordo com as águas
Soares Teixeira – 03-11-2016
(© todos os direitos reservados)
terça-feira, 1 de novembro de 2016
"EIS OS MORTOS" - Soares Teixeira
eis os mortos:
planícies depois do combate
segredos de regresso aos astros
Soares Teixeira – 01-11-2016 (Dia de Finados)
(© todos os direitos reservados)
"OFÍCIO" - Soares Teixeira
Meu amigo
quando te vires rodeado de gente
mas sem ninguém até à linha do horizonte
quando as coisas te atirarem das falésias
e o vazio te obrigar a beber a dor
pensa-te solene
e que o teu ofício é construir um templo
dentro do peito
palavra a palavra
para nele celebrares o teu direito
ao voo depois da queda
Soares Teixeira – 01-11-2016
(© todos os direitos reservados)
domingo, 30 de outubro de 2016
"DIZ-ME" - Soares Teixeira
diz-me poesia:
em que rio tens voz de astro?
em que mar te fazes navio?
Soares Teixeira – 30-10-2016
(© todos os direitos reservados)
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