domingo, 12 de junho de 2016

"DELFOS" - Soares Teixeira



Quando a palavra é luz
o instante é Delfos
e o corpo é asa

Quando o Sol nasce
dos lábios do Saber
acende-se a hora de renascer

Quando a viagem
chega aos dedos do sentir
o tumulto é universo nas veias

e todas as coisas são além
e tudo é acorde e desordem
e prazer de ir, ficando aquém



Soares Teixeira –11-06-2016
(© todos os direitos reservados)

sábado, 11 de junho de 2016

SOBRE O LIVRO “ANUNCIAÇÕES”, DE MARIA TERESA HORTA



Imagino Hildegarda de Bingen e Sandro Botticelli. Imagino-os voltarem-se, surpreendidos com uma luz súbita. Maria e Gabriel estão ali, de mão dada, sorridentes, fulgurante pureza no promontório do prodígio. Começa então a Palavra e a Palavra é o Livro. Uma voz abre-se nos espaços e abre os espaços ao tempo. Poema a poema a voz reúne, acolhe e revela, mistério, rumor de além, respiração marítima, unidade solar, sal da linguagem, medula da sílaba. A voz é o que foi, o que vai sendo e o que será. A voz vem de uns lábios que são fissura de luz no horizonte. A sábia monja beneditina julga estar perante outra das suas visões, o Mestre Florentino quase treme – parece-lhe reconhecer as feições de Maria e do Anjo. Ambos avançam. Surpreendidos e fascinados observam o desenrolar de uma grande história, uma história ímpar, serena e telúrica. Aquela voz, única, una, mas também tríplice, aberta em flor de mistérios, provém dos lábios da Mãe de Cristo, do enviado do Senhor e de… de quem?, perguntam Hildegarda de Bingen e Bortticelli - de Maria Teresa Horta, respondemos nós, que também lá estamos, rodeando o lugar onde tudo se desenrola. E o lugar é o ser viagem.


Soares Teixeira – 07-06-2016
(© todos os direitos reservados)

domingo, 5 de junho de 2016

MARK ZUCKERBEG CONVERSA COM ASTRONAUTAS DA ESTAÇÃO ESPACIAL INTERNACIONAL





Histórica conversa, dia 1 de Junho de 2016, que ocorreu em directo no Facebook, 
entre Mark Zuckerberg e três astronautas da Estação Espacial Internacional,

sexta-feira, 3 de junho de 2016

"SONHO MAIOR" - Soares Teixeira



Às vezes chego a um lugar
onde nunca tinha ido
e penso:

- Foi talvez em sonho
que aqui estive
lembro-me do chão, das paredes,
das cores
sim, das cores,
nos sonhos também há cores,
pelos menos nos meus.

Depois
a realidade chama pelo meu nome
e esqueço
aquela estranha familiaridade
para acontecer apenas
entre o que me rodeia
com a naturalidade
de umas sandálias que atravessam os espaços.
Pode ocorrer que um dia
mais tarde
me recorde
desse tal lugar,
e suceda
dar por mim
simultaneamente cá e lá
a pensar
se essa realidade que vivi
tal como o estar a recordá-la
não serão fragmentos
de um sonho maior




Soares Teixeira – 03-06-2016
(© todos os direitos reservados)

quinta-feira, 2 de junho de 2016

"VEIAS DE LUZ" - Soares Teixeira



Deixar que a inquietação
seja comida pelas traças?
Não!
Ser sublevação
beber o verso
na companhia do Sol e da Lua

Ir à proa do olhar
e chegar a tempo
de partilhar o voo do próximo pássaro
e de comer a polpa da nuvem
e de dizer adeus ao impossível
Ir no convés da alma
e chegar a tempo
de agitar os braços aos cometas
de descobrir outra duna
de desembarcar no relógio do além
Ir
e chegar a tempo de viver

Deixar a festa num labirinto?
Não!
Renascer sempre
à janela do nome
e com as plantas dos pés
sobre a manhã
ser realejo no brilho de uma flor
e a um microfone de vento
anunciar os caminhos das mãos

e tudo isto
porque a liberdade
tem veias de luz



Soares Teixeira – 02-06-2016
(© todos os direitos reservados)

terça-feira, 31 de maio de 2016

"SONO" - Soares Teixeira



Chego a casa cansado
com vontade de ser sono
tudo o que quero
é um lençol de água
e descer aos abismos do mar
e sonhar
com peixes de barbatanas de fogo
algas em indolente verticalidade
corais no silêncio das cores raras
sereias a dançar danças de roda
depois
descer mais fundo ainda
até à fenda de um vulcão submarino
e mergulhar no magma
até ao centro da Terra
onde tudo é tão impensável
e estranho e primordial
como os astros e o cosmos
e este tríptico dobrável que sou
o antes no painel da esquerda
o depois no painel da direita
e o agora no painel central
tríplice moldura
uma única obra
nunca compreendida



Soares Teixeira – 31-05-2016
(© todos os direitos reservados)