Dos gestos convertidos em garganta
cresce o desassossego
de sílabas
de espera em flor
que se juntam
para a sagrada consumação do mais além
e assim nascem
as palavras
céu prometido pelos deuses
aos seus filhos dilectos
gratos cantemos
gratos dancemos
gratos celebremos em poesia
essas asas tão íntimas dos astros
o poema é gesto de marinheiro
quando leva a mão à testa
para observar o mar
o poema é gesto de lavrador
quando coloca as mãos sobre os rins
ao observar a terra
o poema é gesto de criança
quando aponta o sol
na cúpula do olhar materno
o poema é o sermos pássaros
na grande festa da descoberta
abram-se as portas
abram-se as portas à liberdade
aos gestos convertidos em garganta
aos dedos convertidos em voz
e juntos brindemos
às praias do infinito
Soares Teixeira – 07-03-2016
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