Curioso
sinto que no voo das gaivotas
há uma intermitência de pausa
a revelar o segredo das suas asas
parece que as movimentam
com o único propósito
de ficarem imóveis no ar
a serem outras noutra realidade
é nessas pausas
que vão surgindo como a luz de um farol
é nessas pausas
que mais forte batem as minhas asas
é nessas pausas
que mais intenso é o esquecimento
de tudo o que não é um sol de mar e céu
é nessas pausas
que sinto a minha desconhecida existência
sinto-a elevar-me
à fertilidade do desconhecido
onde finalmente consigo ser
a verdadeira medida da liberdade
Soares Teixeira – 01-05-2015
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