Às vezes gosto de estar
na serenidade que sinto sobrar
das coisas simples
e suavemente deixo-me renascer
na flor que entra dentro de mim
no céu que me fala sem palavras
ou muito simplesmente
no rio que corre da nascente
para o silêncio
eu
É bom este não desejar mais nada
para além da nitidez da tranquilidade
e deixar o falso cristal da realidade
onde o engano é tanto
que parece transparente aquilo que é baço
e cansa saber que afinal não se conhece
quem se julga conhecer
Por isso me sinto bem
na entrega às coisas puras
como a água e o ar
por onde às vezes gosto de caminhar
lentamente
levemente
como um princípio
sempre assim mesmo
princípio apenas
inicial
banal
e onde está intacto tudo aquilo
que fertiliza o Ser
Soares Teixeira – 28-03-2015
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