Há dias em que o poema que apetece
é o céu
azul simplesmente azul
azul contínuo
sem estar pespontado a fios de ideias
azul da proa à popa do olhar
apenas um ou outro pássaro
levando consigo aquilo que alguém sonhou
num tempo em que não havia aviões
Ficar à porta do ombro e contemplar o vestíbulo
da eternidade
sem relógio para estorvar a liberdade
Desatar os tornozelos
e lançar fora os instantes
para ser azul
azul simplesmente azul
Ir
ser alto-mar do único poema apetecível
o céu
ir
ganhar altura
até conquistar a asa do Eu
asa azul da hora futura
Soares Teixeira – 12-03-2015
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