terça-feira, 3 de março de 2015

"CHOCOLATE" - Soares Teixeira





penso
em arco ausento-me do mundo
lentamente
e quando a corda está suficientemente retesada
vou
seta no espaço
a caminho de uma nudez sem identidade
chego a deus
perdido em mim
e depois
cansado de pensar
regresso
e como um chocolate devagar

é bom o transcendente



Soares Teixeira – 03-03-2015
(© todos os direitos reservados)

segunda-feira, 2 de março de 2015

"AS MAIS BELAS PALAVRAS" - Soares Teixeira





Quando
livre
o espírito nos conduz
as mais belas palavras
são murmuradas pelas estrelas
que bom senti-las na pele
frescas como lagos do ser
e depois
que bom abrirmos as asas
e subirmos na noite
leves
frontais ao absoluto
sem renunciar ao beijo dos espaços
inteiramente cálices alados
inteiramente consagrados
a tudo o que habita no mistério
e que bom não ter
nenhum livro por proa
mas muitos por navio
porque as mais belas palavras
são ditas pela verdadeira luz



Soares Teixeira – 02-03-2015
(© todos os direitos reservados)

quinta-feira, 26 de fevereiro de 2015

"SIMPLES" - Soares Teixeira





É simples
este habitarmo-nos

anémonas e peixes
nadam na luz
de longos braços de candelabros
     os meus dedos

flores e flautas
acontecem no pátio
aberto ao azul do rosto do céu
     o teu corpo

tempo e espaço
fechados num envelope
que guardamos numa gaveta
     o nosso beijo

simples
este vivermo-nos



Soares Teixeira – 26-02-2015
(© todos os direitos reservados)

quarta-feira, 25 de fevereiro de 2015

"O VERBO" - Soares Teixeira





Sem cúpula para a luz extrema que somos
caminhamos na página aberta da palavra
amar
as bocas dos astros soletram o verbo
há cósmico contentamento
e a eternidade canta
dentro da festa do nosso momento

nada mais a dizer
apenas ser



Soares Teixeira – 25-02-2015
(© todos os direitos reservados)

terça-feira, 24 de fevereiro de 2015

"SEM JUÍZO" - Soares Teixeira





Ah como é bom
lançar para bem longe
a taça da compostura
- esse tédio
e crescer
em sede de flor selvagem
e a correr
sair da moldura do ser
para enlouquecido
morder
os teus mamilos
de mel e vento
e nos espaços conquistados
ser claridade
de trigo novo
e escrever
numa parede de riso
“Para quê ter juízo?”



Soares Teixeira – 24-02-2015
(© todos os direitos reservados)