domingo, 8 de fevereiro de 2015

"ONDE EU ESTIVER" - Soares Teixeira





Onde eu estiver
em mim estarei
no centro do olhar do sol
que me acendeu para os dias
e nas minhas mãos
haverá sempre
um crescer de perguntas
que como pedras
lançarei ao vento do tempo

Onde eu estiver
em todo o lado estarei
construído a cada instante
pela ave que acorda
cada coisa que me fala

Onde eu estiver
a minha sede será de distância
e no meu corpo
de folhagem de infinito
ondularão sempre
as respostas que jamais terei



Soares Teixeira – 08-02-2015
(© todos os direitos reservados)

sexta-feira, 6 de fevereiro de 2015

"LIBERDADE!" - Soares Teixeira





Liberdade!
coluna vertebral
do pensamento
corda vocal
do gesto

liberdade!
sempre
acesa
esta sede
em linha recta
este abraço
entre o sangue
e o sol

liberdade!
de ascender
em raíz
e em árvore
dentro e fora
do Ser
ponteiro vivo
que marca o tempo
da vontade

liberdade!



Soares Teixeira – 06-02-2015
(© todos os direitos reservados)

quinta-feira, 5 de fevereiro de 2015

"BEIJAR DULCINEIA" - Soares Teixeira





Diante do generoso decote
da lua cheia
ter por corpo apenas ideia
e ser Dom Quixote

não resistir
avançar com galhardia
subir nos espaços
como quem vence
pelos seus próprios passos
e lá
no centro do círculo
da suprema magia
apaixonadamente
beijar Dulcineia



Soares Teixeira – 05-02-2015
(© todos os direitos reservados)

quarta-feira, 4 de fevereiro de 2015

"SÓ TU SABES, LUA" - Soares Teixeira





Chego a casa cansado
visto o meu roupão de caminho
calço as pantufas de luar
e sou música dentro da música
onde descanso num declive de consciência
tenho sono
apetece-me dormir
irei sonhar?
só tu sabes, lua
em que me hei-de transformar
depois de adormecer
esta noite gostava de ser árvore de sílabas brancas
e que todas as minhas folhas me fizessem voar
rumo a um destino que seja princípio de onda
depois beber infinito
e ser mar
numa qualquer cor do tempo



Soares Teixeira – 04-02-2015
(© todos os direitos reservados)

terça-feira, 3 de fevereiro de 2015

"SER POEMA" - Soares Teixeira



Fonte da foto: http://www.grazia.fr/au-quotidien/couple/articles/les-illusions-amoureuses-et-si-l-amour-n-existait-pas-54000



Regra número um
eu colocar-te uma estrela no ombro da noite
regra número dois
tu lavrares o meu chão de luz que te abraça

o resto
o ser fruição das espirais
beber gôndolas por cálices de amanhecer
e vibrar na transparência
de sermos veemente verdade
a criar as novas argilas do novo mundo
aquele para onde vamos descendo
como deuses de carne musical e sangue de vento
livres para dizermos amor
com asas de origem
e iniciais
para em beijo escolhermos
o ser poema para lá da última fronteira


Soares Teixeira – 03-02-2015
(© todos os direitos reservados)