Noite
os astros alongam-se
em vogais e consoantes
viajam
na expansão dos espaços
e as suas sílabas são pétalas
de uma praia em flor
É nas suas águas
que o meu olhar pronuncia
a palavra horizonte
e nelas escuto
o cântico da luz
a entoar
o intacto sossego
onde sou onda
íntima dos navios
Noite finíssima
a brotar de si mesma
delicado ninho de infinito
Noite de búzios com asas
celeiro de leveza
e de abundantes mistérios
na árvore das folhas transparentes
Noite
e uma pausa branca
na polpa da paz primordial
sou eu
essa pausa
este ritual
na clareira de um pensamento
sem centro nem orla
eu
este intervalo
que me aconteceu
Soares Teixeira – 23-01-2014
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