quinta-feira, 12 de setembro de 2013
segunda-feira, 9 de setembro de 2013
quinta-feira, 1 de agosto de 2013
POESIA HAICAI ( 11 a 20 ) - Soares Teixeira
11
Banco de jardim
Sentado na memória
Como uma pessoa
12
Abraçado ao
pássaro
O olhar voa
No azul da
respiração
13
Estrada sem fim
A passar
Dentro de mim
14
Na primavera
Os troncos das
árvores
Têm braços maiores
15
Queda de água
Violência viva
De som vertical
16
Pelo espaço
infinito
Pelo tempo
infinito
O frondoso efémero
17
Quintal adormecido
Silêncio cortado
Pela vontade das
rãs
18
Na curva da onda
A curva que
a espuma
Desenha na praia
19
Crianças a voar
Ao som do mar
20
Nuvem de verão
Como pássaro que
sou
Na minha ilusão
Soares Teixeira - 01-08-2013
(© todos os direitos reservados)
domingo, 28 de julho de 2013
"DIGO-TE ILHA" - Soares Teixeira
(Imagem retirada da Interet - neurónios)
Digo-te, ilha
Sou das palavras que me abrem as pálpebras
Sou da música que me humedece os lábios
Sou da liberdade que me estende os braços
E estou em todos os caprichos das árvores
Sou dos dedos do incrível
Sou de todas as cores que têm de ser ditas
Sou da intimidade do espanto
E estou em todos os ângulos com que o mar olha as rochas
Pertenço a um promontório pouco nítido
Pertenço ao mistério de uma gruta lendária
Pertenço a um mapa de rotas imprecisas
Ilha sempre por descobrir
que atravessas o azul onde sou frontal aos dias
Ilha cercada de caminhos e segredos
que emerges da minha inquietação
Ilha de instantes libertos do tempo
que partilhas o mar dos meus sonhos
Digo-te, ilha
Sou do mar sou das espigas
Sou das montanhas sou dos mitos
Sou dos abismos sou dos pinhais
Sou dos astros e das formigas
Sou dos pátios sou dos gritos
Sou das feras e das cantigas
Sou o recado que transporto nos pulsos do meu amanhã
Sou o jardim da minha carne a receber o alvoroço das viagens
Sou a distância de que é feito o navio do deslumbramento
Ilha que emerges
da minha aliança com o horizonte
Ilha que respiras
ao ritmo do meu peito
Ilha que sou eu
a rolar dentro de mim
nesta vida que me aconteceu
Digo-te, ilha
Sou a dança com que te celebro e o cântico que te responde
Sou as sílabas e o vento com que desenhas a minha forma
Sou a criança de unidade neste mundo que vamos sendo
Soares Teixeira – 27-07-2013
(© todos os direitos reservados)
quarta-feira, 24 de julho de 2013
POESIA HAICAI ( 1 a 10 ) - Soares Teixeira
1
Demora-se o pássaro
Que se descobre no lago
Voa dentro da imagem
2
Mar que se estende
Azul que voa
Ave que me entende
3
Praia de areia adormecida
Que os passos
Fazem acordar para a vida
4
A espuma e a rocha
De mãos dadas
Como os nossos olhos
5
As aves voam
Recordando a água
Dizem os peixes
6
A porta abre-se
Instantes suspensos
Das traves do tempo
7
No perfume da rosa
Cabe o jardim
E as palavras nele ditas
8
O espinho atravessa
A alma da rosa
E dói dentro do olhar
9
A borboleta e o poema
São iguais
Dentro das suas asas
10
Noite serena
Lua cheia
Até ao céu da boca
Soares Teixeira - 24-07-2013
(© todos os direitos reservados)
domingo, 21 de julho de 2013
"A PEQUENEZ" - Soares Teixeira
A pequenez senta-se na sua imensa poltrona de vaidade
respira fundo o sol da sua aparência
e alimenta-se do seu próprio discurso
são assim os ditadores do quotidiano
são assim os que vivem em permanente entrada triunfal no seu
ego
são assim os que vivem o permanente êxtase da ascensão da
sua auto-estima
os que acham que os seus pensamentos são a matéria-prima dos
instantes
os que acham que os seus gestos são gorjeta para a condição
alheia
os que acham que todos os seus caprichos são absolutamente
naturais e reservados aos escolhidos
na grande selva humana são hienas
mas no seu íntimo sabem que jamais terão a nobreza do tigre
por isso no fundo do seu estreito corredor cerebral
contorcem-se num choro abafado sozinhos e em silêncio
por isso a sua tirania
por isso a sua pequenez
por isso o seu cinismo e cobardia
Soares Teixeira– 21-07-2013
(©todos os direitos reservados)
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