quinta-feira, 1 de agosto de 2013

POESIA HAICAI ( 11 a 20 ) - Soares Teixeira







11

Banco de jardim
Sentado na memória
Como uma pessoa


12

Abraçado ao pássaro
O olhar voa
No azul da respiração


13

Estrada sem fim
A passar
Dentro de mim


14

Na primavera
Os troncos das árvores
Têm braços maiores


15

Queda de água
Violência viva
De som vertical

16

Pelo espaço infinito
Pelo tempo infinito
O frondoso efémero


17

Quintal adormecido
Silêncio cortado
Pela vontade das rãs


18

Na curva da onda
A curva que a espuma
Desenha na praia


19
 Sobre as pegadas das gaivotas
Crianças a voar
Ao som do mar


20

Nuvem de verão
Como pássaro que sou
Na minha ilusão




Soares Teixeira - 01-08-2013
(© todos os direitos reservados)

domingo, 28 de julho de 2013

"DIGO-TE ILHA" - Soares Teixeira



(Imagem retirada da Interet - neurónios)




Digo-te, ilha
Sou das palavras que me abrem as pálpebras
Sou da música que me humedece os lábios
Sou da liberdade que me estende os braços
E estou em todos os caprichos das árvores
Sou dos dedos do incrível
Sou de todas as cores que têm de ser ditas
Sou da intimidade do espanto
E estou em todos os ângulos com que o mar olha as rochas
Pertenço a um promontório pouco nítido
Pertenço ao mistério de uma gruta lendária
Pertenço a um mapa de rotas imprecisas

Ilha sempre por descobrir
que atravessas o azul onde sou frontal aos dias
Ilha cercada de caminhos e segredos
que emerges da minha inquietação
Ilha de instantes libertos do tempo
que partilhas o mar dos meus sonhos

Digo-te, ilha
Sou do mar sou das espigas
Sou das montanhas sou dos mitos
Sou dos abismos sou dos pinhais
Sou dos astros e das formigas
Sou dos pátios sou dos gritos
Sou das feras e das cantigas
Sou o recado que transporto nos pulsos do meu amanhã
Sou o jardim da minha carne a receber o alvoroço das viagens
Sou a distância de que é feito o navio do deslumbramento

Ilha que emerges
da minha aliança com o horizonte
Ilha que respiras
ao ritmo do meu peito
Ilha que sou eu
a rolar dentro de mim
nesta vida que me aconteceu

Digo-te, ilha
Sou a dança com que te celebro e o cântico que te responde
Sou as sílabas e o vento com que desenhas a minha forma
Sou a criança de unidade neste mundo que vamos sendo



Soares Teixeira – 27-07-2013
(© todos os direitos reservados)

quarta-feira, 24 de julho de 2013

POESIA HAICAI ( 1 a 10 ) - Soares Teixeira






1

Demora-se o pássaro
Que se descobre no lago
Voa dentro da imagem


2

Mar que se estende
Azul que voa
Ave que me entende


3

Praia de areia adormecida
Que os passos
Fazem acordar para a vida


4

A espuma e a rocha
De mãos dadas
Como os nossos olhos


5

As aves voam
Recordando a água
Dizem os peixes


6

A porta abre-se
Instantes suspensos
Das traves do tempo


7

No perfume da rosa
Cabe o jardim
E as palavras nele ditas


8

O espinho atravessa
A alma da rosa
E dói dentro do olhar


9

A borboleta e o poema
São iguais
Dentro das suas asas


10

Noite serena
Lua cheia
Até ao céu da boca




Soares Teixeira - 24-07-2013
(© todos os direitos reservados)

domingo, 21 de julho de 2013

"A PEQUENEZ" - Soares Teixeira







A pequenez senta-se na sua imensa poltrona de vaidade
respira fundo o sol da sua aparência
e alimenta-se do seu próprio discurso
são assim os ditadores do quotidiano
são assim os que vivem em permanente entrada triunfal no seu ego
são assim os que vivem o permanente êxtase da ascensão da sua auto-estima
os que acham que os seus pensamentos são a matéria-prima dos instantes
os que acham que os seus gestos são gorjeta para a condição alheia
os que acham que todos os seus caprichos são absolutamente naturais e reservados aos escolhidos
na grande selva humana são hienas
mas no seu íntimo sabem que jamais terão a nobreza do tigre
por isso no fundo do seu estreito corredor cerebral contorcem-se num choro abafado sozinhos e em silêncio
por isso a sua tirania
por isso a sua pequenez
por isso o seu cinismo e cobardia



Soares Teixeira– 21-07-2013

(©todos os direitos reservados)

quinta-feira, 18 de julho de 2013

Laurence Olivier - Hamlet





É-me difícil pensar em Hamlet e não me vir à memória o lendário "Hamlet" de Laurence Olivier. Neste filme de 1948, com direcção, produção e interpretação de Sir Laurence Olivier a Arte atinge níveis estratosféricos.