quarta-feira, 20 de junho de 2012

"ESCOLA DE SAGRES" - Soares Teixeira



Em Sagres o mito e o mistério
estendem os dedos ao mar
e o mar que se desenrola
o mar que ruge a assola
o mar de luz e breu
espelho de dupla face
onde os abismos se reflectem
e se unem na superfície do eu
o mar
abre a garganta em ondas
e diz
- Venham a grande escola sou eu

 
Soares Teixeira

"TRÊS QUADRAS PARA ANTÓNIO ALEIXO" - Soares Teixeira



Chamas-te António Aleixo
és o príncipe do povo
em ti há o sangue novo
de um grito que é nosso eixo

Tu que tinhas vistas largas
e grande sabedoria
dás-nos nas horas amargas
lições de filosofia

Tomara muito doutor
alcançar o teu saber
tomara muito senhor
ter o que soubeste ser


Soares Teixeira

"O SOL CUMPRE-SE NO OLHAR DO TOURO" - Soares Teixeira





O sol cumpre-se no olhar do touro
os cavalos pastam
os pássaros são o início doutro horizonte
o de um tempo antigo
em que os templos no alto dos promontórios
eram sagrados e neles se veneravam deuses
que vigiavam o amanhecer
O mar é a medida do excesso
e bate nas rochas
abrindo-lhes o peito
até à recordação dos primeiros dias
O vento vai vadiando
a sua grande cabeça a crescer de orgulho
O horizonte prende-se
em todas as saliências do olhar
A grande aventura do mundo
percorre o corpo de uma flor
na beira do caminho
A procissão passava tecendo cânticos
um velho humilde descansava
e com olhar simples observava a flor
e ao sorrir para aquela réplica de universo
expandia-se fantástico em grandeza

desse mundo antigo
o olhar do sábio brilha na flor de agora
à sombra da ruína sagrada

O sol faz soar os seus tambores


 
Soares Teixeira

terça-feira, 8 de maio de 2012

"ARY! HOMEM POVO PRESENTE!" - Soares Teixeira




Um grito desfraldado sobre o mar
Que é ribeiro a nascer noutra fronteira
Uma luta de palavra certeira
Que é sulco de coragem a jorrar

Uma espiga de trigo a começar
Uma lança atirada a uma fogueira
Um cavalo a correr numa bandeira
Um pássaro vermelho a madrugar

Luz de Abril braço a semear vontade
Alma e pulmões frontais ao sol e ao vento
Peito a cortar marasmo voz sem medo

Cântico a desfolhar a liberdade
Ary! Cravo a nascer no pensamento
Homem povo presente! homem rochedo!



Soares Teixeira

segunda-feira, 7 de maio de 2012

domingo, 6 de maio de 2012

"LUA" - Soares Teixeira





Lua
com o rosto encostado ao teu
sou um garanhão a galope
neste abandono de mim
para ser sangue do nosso corpo
Juntos entramos pela fenda do silêncio
como duas flores a caminho do exílio
e em nós cai o pólen do infinito
Leves são os ventos onde nos roçamos
límpidas são as luzes que nos observam
lento é o orvalho do tempo
que desliza nas nossas pétalas
Lua
fio de sonho com que me visto
luxúria abençoada pelos astros
boca que me beija e me transfigura
coxas que são morada
do arado que sou
na planura do nosso segredo
Amo-te!



Soares Teixeira