domingo, 16 de janeiro de 2011

Noite Gardiana




Mais uma noite de Garda. Mais uma noite Gardiana. Ela cantou, ela tocou, ela dançou, ela encantou, ela brilhou, ela deslumbrou, ela voou. Ela foi simples, ela foi excessiva, ela foi terna, ela foi suave, ela foi arrebatadora. Ela foi ela mesma, e como ela é um Sol nós fomos iluminados. Ela foi Garda e nós fomos pequenos pássaros num ninho Gardiano, deslumbrados com aquela ave imensa e única que se nos entrega completamente e faz com que fiquemos felizes por descobrir que dentro de nós também há muito azul e muitas asas.
A foto acima, tirada ontem, é de minha autoria.



Soares Teixeira

sábado, 15 de janeiro de 2011

"REGRESSASTE" - Soares Teixeira



Regressaste
e na pele tinhas a voz da primavera
regressaste
e em cada gesto acendias os momentos
regressaste
para me levares para o centro da claridade
onde nada podia perturbar o nosso reencontro
regressaste
e fomos
salas silêncios e minúcias
labirintos astros e encruzilhadas
e fomos
duas gotas de orvalho que se juntaram
dois reflexos do mesmo espelho
regressaste
e dançámos
longe do sussurro dos dias
num tempo só nosso
intactos
no interior de um vazio
só nosso
regressaste
e derramámos os nossos sentidos
num beijo
longo
como o horizonte de um poema




Soares Teixeira

domingo, 26 de dezembro de 2010

"NATAL" - Soares Teixeira


É Natal
quando um sorriso rola pelo espaço
quando de um olhar emerge um abraço
quando as mãos consentem esperança

Acontece Natal
no aparelhar do navio para a viagem
na límpida nudez de um novo horizonte
na claridade entregue ao Outro

Acontece Natal
na raça única dos que respiram o mesmo azul
no barro único de que tudo é feito
no tempo único de um mundo único

É Natal
quando de uma ânfora se liberta a dádiva
quando um poema recebe os dias
quando o espírito se torna terra lavrada



Soares Teixeira

segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

Porque hoje é um dia especial...

http://www.youtube.com/watch?v=0hbG9C6bhZE

quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

"ENQUANTO" - Soares Teixeira


Enquanto
leves como pólen
pétalas poisarem
sobre o rasto dos teus passos
terei saudades
porque os meus dias
são
a praia por onde caminhaste

Ao fundo ainda vejo
o Sol com que me olhavas
até mim ainda chega
a espuma
do mar com que me envolvias

Cruzo os braços
como se o horizonte me abraçasse
e deixo-me ficar assim
enquanto permaneces nos meus dedos



Soares Teixeira

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

"POEMA PARA PENÉLOPE" - Soares Teixeira


Mulher que olhas o mar
as tuas mãos estendidas pelo horizonte
alongam o promontório que te sustém o corpo
e esse chão de saudade e gesto
oscila sobre as ondas onde te recorda
aquele por quem te inquietas

Porque há chamamentos que nem os deuses entendem
as linhas do teu olhar
estão para lá de qualquer explicação
os instantes passam por ti
como se estivesses morta para os receber
vives apenas na outra face dos espaços





Soares Teixeira

domingo, 14 de novembro de 2010

"ENTREGA" - Soares Teixeira


Entrego o teu nome a um excesso
que de mim transborda
e esse inevitável Ser em que me torno
deixa-se trespassar pela memória
de tudo o que foi amado e foi extinto
A tua ausência liberta-me
do vibrar de todas as coisas
nenhuma lei me impedirá
de ser
o impulso de todos os pássaros
a seiva de todos os pinhais
o amanhã de todos os horizontes
Nada me impedirá
de segurar os braços do tempo
e de lhe dizer
que cada um dos meus instantes
tem o teu regresso
que a hora onde te recolheste
é um verso a regressar ao poema
Nada me impedirá
de segurar os ombros da distância
e de lhe dizer
que cada um dos meus gestos
tem o teu corpo
que cada um dos meus olhares
é um vento que te prende
Nada me impedirá
de ser excesso de fome
de ser excesso de chama
de ser excesso de tudo
o que possa surgir
da tua inextinguível ausência



Soares Teixeira