quinta-feira, 2 de dezembro de 2010
"ENQUANTO" - Soares Teixeira
Enquanto
leves como pólen
pétalas poisarem
sobre o rasto dos teus passos
terei saudades
porque os meus dias
são
a praia por onde caminhaste
Ao fundo ainda vejo
o Sol com que me olhavas
até mim ainda chega
a espuma
do mar com que me envolvias
Cruzo os braços
como se o horizonte me abraçasse
e deixo-me ficar assim
enquanto permaneces nos meus dedos
Soares Teixeira
segunda-feira, 22 de novembro de 2010
"POEMA PARA PENÉLOPE" - Soares Teixeira
Mulher que olhas o mar
as tuas mãos estendidas pelo horizonte
alongam o promontório que te sustém o corpo
e esse chão de saudade e gesto
oscila sobre as ondas onde te recorda
aquele por quem te inquietas
Porque há chamamentos que nem os deuses entendem
as linhas do teu olhar
estão para lá de qualquer explicação
os instantes passam por ti
como se estivesses morta para os receber
vives apenas na outra face dos espaços
Soares Teixeira
domingo, 14 de novembro de 2010
"ENTREGA" - Soares Teixeira
Entrego o teu nome a um excesso
que de mim transborda
e esse inevitável Ser em que me torno
deixa-se trespassar pela memória
de tudo o que foi amado e foi extinto
A tua ausência liberta-me
do vibrar de todas as coisas
nenhuma lei me impedirá
de ser
o impulso de todos os pássaros
a seiva de todos os pinhais
o amanhã de todos os horizontes
Nada me impedirá
de segurar os braços do tempo
e de lhe dizer
que cada um dos meus instantes
tem o teu regresso
que a hora onde te recolheste
é um verso a regressar ao poema
Nada me impedirá
de segurar os ombros da distância
e de lhe dizer
que cada um dos meus gestos
tem o teu corpo
que cada um dos meus olhares
é um vento que te prende
Nada me impedirá
de ser excesso de fome
de ser excesso de chama
de ser excesso de tudo
o que possa surgir
da tua inextinguível ausência
Soares Teixeira
sábado, 13 de novembro de 2010
"ANÚNCIO" - Soares Teixeira
Chegaram os pássaros de um tempo antigo
e com eles os poetas que ergueram templos
feitos de palavras de longos remos
Chegaram os carvalhos de um tempo antigo
e com eles as entranhas de uma terra
que nos chama para a unidade
Chegaram as antigas forças
e com elas novas águas
onde todo o renascido se irá banhar
Chegaram as lanças
Chegaram os rugidos
Chegaram as feras
Chegaram as lutas
Chegou o novo tempo antigo
e os braços erguem-se ao alto
e dos dedos saem cisnes com asas de ouro
e os olhos erguem-se ao alto
e das pupilas sai cada um de nós
liberto do peso do medo
Chegaram os céus de um tempo novo
e todos os ombros ficaram mais direitos
Chegaram as sementes de outras manhãs
e a verdade foi devolvida ao mundo
Soares Teixeira
domingo, 28 de março de 2010
Dia 27 de Março - Dia Mundial do Teatro
O Teatro continua a ser urgente. É urgente a partilha da palavra, é urgente o confronto de ideias, é urgente mostrar e recriar a vida. O Teatro é fundamental para a formação das consciências individuais e colectivas. Todas as crianças deviam ter aulas de Teatro, e se possível ao ar livre ou com elementos da Natureza; é uma forma de apender a relação com o Outro e com o mundo, uma forma de gerir interdependências. O Teatro é, foi, e será sempre um belo caminho.
domingo, 21 de março de 2010
Dia da Árvore, da Primavera e da Poesia
António Gedeão - “Declaração de Amor”
Excita-me a tua presença, ó Árvore - ó Árvores todas!
Desejo-te (desejo-vos) como se fosses Carne, e eu Desejo.
Como se eu fosse o vento que preside às tuas bodas,
e te cicia em redor, e te fecunda num aliciante beijo.
Ponho os olhos em ti e entretenho-me a pensar que sou mãos,
todo mãos que te envolvem o tronco e te sacodem convulsivamente.
Requebras-te com volúpia, e os teus emaranhados cabelos louçãos
fustigam o ar como látegos, com toda a força que este amor me consente.
Ó árvore minha débil! Ó prazer dos meus olhos extáticos!
Ó filtro da luz do Sol! Ó refresco dos sedentos!
Destila nos meus lábios as gotas dos teus ésteres aromáticos,
unge a minha epiderme com teus macios unguentos.
Desnuda-me a tua intimidade, ó Árvore! Diz-me a que segredos recorres
para te desenrolares em flores e em frutos num cíclico desvario.
Porque é que tudo morre à tua volta e tu não morres,
e aceitas sempre o Amor com renovado cio.
Inicia-me nos teus mistérios, ó feiticeira dos cabelos verdes!
Ensina-me a transformar um raio de Sol em suculenta carnadura,
e nesses perfumes subtis que a toda a hora perdes,
prolongando o teu ser no ar que te emoldura.
É através de ti, ó Árvore, que celebro os esponsais entre mim e a Natureza.
É através de ti que bebo a nuvem fresca e mordo a terra ardente.
É de ti que recebo as leis do Amor e da Beleza.
Amo-te, ó Árvore, apaixonadamente!
Excita-me a tua presença, ó Árvore - ó Árvores todas!
Desejo-te (desejo-vos) como se fosses Carne, e eu Desejo.
Como se eu fosse o vento que preside às tuas bodas,
e te cicia em redor, e te fecunda num aliciante beijo.
Ponho os olhos em ti e entretenho-me a pensar que sou mãos,
todo mãos que te envolvem o tronco e te sacodem convulsivamente.
Requebras-te com volúpia, e os teus emaranhados cabelos louçãos
fustigam o ar como látegos, com toda a força que este amor me consente.
Ó árvore minha débil! Ó prazer dos meus olhos extáticos!
Ó filtro da luz do Sol! Ó refresco dos sedentos!
Destila nos meus lábios as gotas dos teus ésteres aromáticos,
unge a minha epiderme com teus macios unguentos.
Desnuda-me a tua intimidade, ó Árvore! Diz-me a que segredos recorres
para te desenrolares em flores e em frutos num cíclico desvario.
Porque é que tudo morre à tua volta e tu não morres,
e aceitas sempre o Amor com renovado cio.
Inicia-me nos teus mistérios, ó feiticeira dos cabelos verdes!
Ensina-me a transformar um raio de Sol em suculenta carnadura,
e nesses perfumes subtis que a toda a hora perdes,
prolongando o teu ser no ar que te emoldura.
É através de ti, ó Árvore, que celebro os esponsais entre mim e a Natureza.
É através de ti que bebo a nuvem fresca e mordo a terra ardente.
É de ti que recebo as leis do Amor e da Beleza.
Amo-te, ó Árvore, apaixonadamente!
sábado, 6 de março de 2010
Joana Vasconcelos no CCB
O Centro Cultural de Belém apresenta até 18 de Maio uma fantástica exposição de Joana Vasconcelos intitulada "Sem Rede". Trata-se de um conjunto de peças e instalações de dimensões consideráveis que se apropriam e recriam o espaço. A intervenção espacial prolonga-se até ao pensamento. "Sem Rede" focaliza-se na condição feminina e podem ser admiradas peças já emblemáticas de Joana Vasconcelos como A Noiva, Cinderela, Coração Independente etc. Imperdível esta magnífica exposição plena de desafios, ousadias, metáforas e muito, muito talento.
Numa belíssima mostra sob o título "Sous la dictée de l'image" - também até 18 de Maio - pode ainda ser visto um interessante percurso por algumas fabulosas obras de arte da colecção de Joe Berardo. Igualmente de referir a belíssima retrospectiva de Robert Longo, em exibição até até 25 de Abril.
Soares Teixeira
Numa belíssima mostra sob o título "Sous la dictée de l'image" - também até 18 de Maio - pode ainda ser visto um interessante percurso por algumas fabulosas obras de arte da colecção de Joe Berardo. Igualmente de referir a belíssima retrospectiva de Robert Longo, em exibição até até 25 de Abril.
Soares Teixeira
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