terça-feira, 29 de abril de 2025

OBRIGADO FRANCISCO - SOARES TEIXEIRA

 



OBRIGADO, FRANCISCO
 
A ti,
insubmisso poema
a desafiar espadas e emboscadas,
serena rebeldia
a plantar cravos em precipícios,
relâmpago de revolução
com sorriso de Cristo sem filtro,
gigante saído do infinito
a caminhar com a fé dos rios
 
A ti
peregrino, penitente,
solidário, solitário,
veleiro de luta, mapa de coragem,
herói dos céus da alma
 
A ti
Francisco
eu agradeço
 
 
Soares Teixeira

-----

THANK YOU, FRANCIS


To you,
insubmissive poem
defying swords and ambushes,
serene rebellion
planting carnations on precipices,
lightning of revolution
with the smile of Christ without a filter,
a giant from infinity
walking with the faith of rivers

To you
pilgrim, penitent,
in solidarity, solitary,
sailboat of struggle, map of courage,
hero of the heavens of the soul

To you
Francis
I thank you


Soares Teixeira


----------


GRAZIE, FRANCESCO

A te,
poesia insubordinata
che sfida spade e agguati,
serena ribellione
piantando garofani sui precipizi,
lampo di rivoluzione
con il sorriso di Cristo senza filtro,
un gigante dell'infinito
che cammina con la fede dei fiumi

A te
pellegrino, penitente,
solidale, solitario,
veliero della lotta, mappa del coraggio,
eroe dei cieli dell'anima

A te
Francesco
ti ringrazio


Soares Teixeira

-------------

GRACIAS, FRANCISCO

A ti,
poema insumiso
desafiando espadas y emboscadas
serena rebelión
plantando claveles en los precipicios,
relámpago de revolución
con la sonrisa de Cristo sin filtro
gigante del infinito
caminando con la fe de los ríos


A ti
peregrino, penitente
solidario, solitario,
velero de lucha, mapa de coraje,
héroe de los cielos del alma


A ti
Francisco
te lo agradezco


Soares Teixeira





sexta-feira, 21 de março de 2025

JARDIM DO MAR - SOPHIA DE MELLO BREYNER ANDRESEN - SOATES TEIXEIRA

 



Jardim do Mar

Vi um jardim que se desenrolava
Ao longo de uma encosta suspenso
Milagrosamente sobre o mar
Que do largo contra ele cavalgava
Desconhecido e imenso.

Jardim de flores selvagens e duras
E cactos torcidos em mil dobras,
Caminhos de areia branca e estreitos
Entre as rochas escuras
E aqui além, os pinheiros
Magros e direitos.

Jardim do mar, do sol e do vento,
Áspero e salgado,
Pelos duros elementos devastado
Como por um obscuro tormento:
E que não podendo como as ondas
Florescer em espuma,
Raivoso atira para o largo, uma a uma,
As pétalas redondas
Das suas raras flores.

Jardim que a água chama e devora
Exausto pelos mil esplendores
De que o mar se reveste em cada hora.

Jardim onde o vento batalha
E que a mão do mar esculpe e talha.
Nu, áspero, devastado,
Numa contínua exaltação,
Jardim quebrado
Da imensidão.
Estreita taça
A transbordar da anunciação
Que às vezes nas coisas passa.


Sophia de Mello Breyner Andresen


terça-feira, 11 de fevereiro de 2025

ROMANCE DE UM FILHO DE UM EMIGRANTE - MENDES DE CARVALHO - SOARES TEIXEIRA

 



Poema "ROMANCE DE UM FILHO DE EMIGRANTE", de Mendes de Carvalho
dito por Soares Teixeira




quinta-feira, 30 de janeiro de 2025

PENSAR POESIA - SOARES TEIXEIRA


PENSAR POESIA - SOARES TEIXEIRA


PENSAR POESIA de Soares Teixeira
Editorial Minerva 
ISBN: 972-591-281-0






 

segunda-feira, 27 de janeiro de 2025

OS LUSÍADAS - LUÍS DE CAMÕES - COMPLETO - SOARES TEIXEIRA

 



Os dez Cantos de "OS LUSÍADAS" num só vídeo.
 Leitura de Soares Teixeira.


 



sábado, 28 de dezembro de 2024

TODOS - SOARES TEIXEIRA

 



TODOS

 
Olhando os seus perfis
vemos proas que são horizonte,
e de frente
vemos pêssegos de esperança.
Das mãos nasce-lhes poesia
enlaçada com múltiplas ferramentas
 
Se observarmos bem
reparamos que os seus ombros são pombas,
se nos detivermos um pouco
sentimos nos seus peitos o crescer de vinhas,
se pronunciarmos os seus nomes
diremos terra e céu e chuva e oceano
 
Se uma rua de pensamento nos convidar
entremos, respeitosamente,
ao fundo está uma coluna
e nela gravada uma palavra
com a luz dos seus corações palpitantes
e a palavra é: TODOS

 
 
Soares Teixeira


domingo, 1 de dezembro de 2024

DECLARAÇÃO DE AMOR - ANTÓNIO GEDEÃO - SOARES TEIXEIRA

 



 


Declaração de Amor

Excita-me a tua presença, ó Árvore – ó Árvores todas!
Desejo-te (desejo-vos) como se fosses Carne, e eu Desejo.
Como se eu fosse o vento que preside às tuas bodas,
e te cicia em redor, e te fecunda num aliciante beijo.

Ponho os olhos em ti e entretenho-me a pensar que sou mãos,
todo mãos que te envolvem o tronco e te sacodem convulsivamente.
Requebras-te com volúpia, e os teus emaranhados cabelos louçãos
fustigam o ar como látegos, com toda a força que este amor me consente.

Ó Árvore minha débil! Ó prazer dos meus olhos extáticos!
Ó filtro da luz do Sol! Ó refresco dos sedentos!
Destila nos meus lábios as gotas dos teus ésteres aromáticos,
unge a minha epiderme com teus macios unguentos.

Desnuda-me a tua intimidade, ó Árvore! Diz-me a que segredos recorres
para te desenrolares em flores e em frutos num cíclico desvario.
Porque é que tudo morre à tua volta e tu não morres,
e aceitas sempre o Amor com renovado cio.

Inicia-me nos teus mistérios, ó feiticeira dos cabelos verdes.
Ensina-me a transformar um raio de Sol em suculenta carnadura,
e nesses perfumes subtis que a toda a hora perdes,
prolongando o teu ser no ar que te emoldura.

É através de ti, ó Árvore, que celebro os esponsais entre mim e a Natureza.
É através de ti que bebo a nuvem fresca e mordo a terra ardente.
É de ti que recebo as leis do Amor e da Beleza.
Amo-te, ó Árvore, apaixonadamente!

António Gedeão (1906-1997), in “Máquina de fogo”, 1961