sábado, 30 de junho de 2012

"OBRIGADO, JOAQUIM EVÓNIO" - Soares Teixeira




Obrigado
Joaquim Evónio
seiva de sol generoso
a gotejar do amanhecer
poema em praça pública
rede de pescador
em mares de pontes por nascer

Obrigado
pela palavra de cabeleira revolta
pelo gesto largo
a continuar a barba branca
pelo olhar frontal e longo
em espuma de onda
ávida de horizonte

Obrigado
por teres sido tambor a abrir fendas
na arrumação dos espaços
por teres sido morteiro de luz
com coragem de pomba
por teres sido alicerce de ti mesmo
e azul a sonhar varandas de amizade

Adeus



Soares Teixeira – 29-06-2012

quarta-feira, 20 de junho de 2012

"ESCOLA DE SAGRES" - Soares Teixeira



Em Sagres o mito e o mistério
estendem os dedos ao mar
e o mar que se desenrola
o mar que ruge a assola
o mar de luz e breu
espelho de dupla face
onde os abismos se reflectem
e se unem na superfície do eu
o mar
abre a garganta em ondas
e diz
- Venham a grande escola sou eu

 
Soares Teixeira

"TRÊS QUADRAS PARA ANTÓNIO ALEIXO" - Soares Teixeira



Chamas-te António Aleixo
és o príncipe do povo
em ti há o sangue novo
de um grito que é nosso eixo

Tu que tinhas vistas largas
e grande sabedoria
dás-nos nas horas amargas
lições de filosofia

Tomara muito doutor
alcançar o teu saber
tomara muito senhor
ter o que soubeste ser


Soares Teixeira

"O SOL CUMPRE-SE NO OLHAR DO TOURO" - Soares Teixeira





O sol cumpre-se no olhar do touro
os cavalos pastam
os pássaros são o início doutro horizonte
o de um tempo antigo
em que os templos no alto dos promontórios
eram sagrados e neles se veneravam deuses
que vigiavam o amanhecer
O mar é a medida do excesso
e bate nas rochas
abrindo-lhes o peito
até à recordação dos primeiros dias
O vento vai vadiando
a sua grande cabeça a crescer de orgulho
O horizonte prende-se
em todas as saliências do olhar
A grande aventura do mundo
percorre o corpo de uma flor
na beira do caminho
A procissão passava tecendo cânticos
um velho humilde descansava
e com olhar simples observava a flor
e ao sorrir para aquela réplica de universo
expandia-se fantástico em grandeza

desse mundo antigo
o olhar do sábio brilha na flor de agora
à sombra da ruína sagrada

O sol faz soar os seus tambores


 
Soares Teixeira

terça-feira, 8 de maio de 2012

"ARY! HOMEM POVO PRESENTE!" - Soares Teixeira




Um grito desfraldado sobre o mar
Que é ribeiro a nascer noutra fronteira
Uma luta de palavra certeira
Que é sulco de coragem a jorrar

Uma espiga de trigo a começar
Uma lança atirada a uma fogueira
Um cavalo a correr numa bandeira
Um pássaro vermelho a madrugar

Luz de Abril braço a semear vontade
Alma e pulmões frontais ao sol e ao vento
Peito a cortar marasmo voz sem medo

Cântico a desfolhar a liberdade
Ary! Cravo a nascer no pensamento
Homem povo presente! homem rochedo!



Soares Teixeira

segunda-feira, 7 de maio de 2012