No comboio descendente
Vinha tudo
à gargalhada.
Uns por
verem rir os outros
E outros
sem ser por nada
No comboio
descendente
De Queluz à
Cruz Quebrada...
No comboio
descendente
Vinham
todos à janela
Uns calados
para os outros
E outros a
dar-lhes trela
No comboio
descendente
De Cruz
Quebrada a Palmela...
No comboio
descendente
Mas que
grande reinação!
Uns
dormindo, outros com sono,
E outros
nem sim nem não
No comboio
descendente
De Palmela
a Portimão
Fernando Pessoa