sábado, 4 de março de 2017

"PRIMEIRO AUTOMÓVEL" - Carlos Drummond de Andrade


Que Coisa-Bicho
que estranheza preto-lustrosa
evém-vindo pelo barro afora?

É o automóvel de Chico Osório
é o anúncio da nova aurora
é o primeiro carro, o Ford primeiro
é a sentença do fim do cavalo
do fim da tropa, do fim da roda
do carro de boi.

Lá vem puxado por junta de bois.

Carlos Drummond de Andrade





Obs:
Evém - Expressão correspondente às locuções verbais - lá vem, ali vem, já vem.
Muito utilizada no interior de Minas Gerais., Brasil.



terça-feira, 28 de fevereiro de 2017

sábado, 25 de fevereiro de 2017

"EL INGENIERO POÉTICO" - Jesús Lizano


¡Viva el ingeniero poético!
El ingeniero
que construye caminos
y canales y puertos
en el alma, en el mundo
de la libertad,
en el mar
de los sueños.
¡Viva el ingeniero
de la vida interior,
el telecomunicador
del sentimiento, de la aventura,
el industrializador
de la fantasía y del instinto
creador,
el inspector
de la música, del concierto
que nace de los sentidos
y se une al rumor
de las aves y de los bosques,
de los océanos!
Viva el ingeniero
que anima la soledad,
el silencio,
el ingeniero soñador,
el soñador ingeniero.
Viva el ingeniero poético,
el antiseñor,
el diseñador
de las alas del hombre
volador
sobre la alegría, sobre el dolor,
el ingeniero de la belleza,
el verdadero honor.
De qué nos sirven esos canales
y esos puentes,
el continente
del mundo exterior,
esos puertos
que la locura de la Razón
construye sobre nuestro ingenuo
vivir si no construimos
el mundo de nuestro temblor,
de nuestro
encendernos y apagarnos,
del inmenso y escondido amor,
el contenido
de nuestra pasión.
¡Viva el ingeniero liberador
de las fronteras, de las cárceles,
de pensamiento perverso,
de la enajenada canción,
de todos los edificios
siempre en construcción!
De qué nos sirve el ingeniero,
el zapador
dominante del mundo si ese mundo
confunde nuestros sueños,
divide nuestras vidas,
ahoga nuestra inocencia
y ciega nuestro sol.
¡Viva el ingeniero poético
y la madre -la Poesía-
-sí- que lo parió.


JESÚS LIZANO

quinta-feira, 23 de fevereiro de 2017

JOSÉ AFONSO


 


José Afonso (Aveiro, 2 de Agosto de 1929 — (Setúbal, 23 de Fevereiro de 1987)
Há 30 anos morria José Afonso, um dos mais acarinhados músicos da história de Portugal. Um voz inigualável; um fantástico talento, como músico e poeta; uma acção cívica da maior nobreza - um dos Grandes de Portugal. A sua obra e a sua figura ficarão para história como uma luz inspiradora.

https://pt.wikipedia.org/wiki/Jos%C3%A9_Afonso 

terça-feira, 21 de fevereiro de 2017

"A PAZ SEM VENCEDORES E SEM VENCIDOS" - Sophia de Mello Breyner Andresen

Dai-nos Senhor a paz que vos pedimos
A paz sem vencedor e sem vencidos
Que o tempo que nos deste seja um novo
Recomeço de esperança e de justiça
Dai-nos Senhor a paz que vos pedimos

A paz sem vencedor e sem vencidos

Erguei o nosso ser à transparência
Para podermos ler melhor a vida
Para entendermos vosso mandamento
Para que venha a nós o vosso reino
Dai-nos Senhor a paz que vos pedimos

A paz sem vencedor e sem vencidos

Fazei Senhor que a paz seja de todos
Dai-nos a paz que nasce da verdade
Dai-nos a paz que nasce da justiça
Dai-nos a paz chamada liberdade
Dai-nos Senhor a paz que vos pedimos

A paz sem vencedor e sem vencidos

Sophia de Mello Breyner Andresen, in 'Dual'

segunda-feira, 20 de fevereiro de 2017

LES BALLETS TROCKADERO DE MONTE CARLO



São só homens. Todos eles grandes bailarinos, que em palco se transformam em elegantes, sofisticadas, caprichosas, arrebatadoras, (às vezes magnificamente desastradas) "Prima Ballerinas" para nos deleitar com os mais icónicos quadros do ballet. Rigor absoluto, estudo e treino intenso, uma equipa que cuida de todos detalhes - a dança e o humor (segundo alguns deles mais difícil que dançar em pontas). O resultado é um espectáculo incrível que deixa o público de boca aberta - de surpresa e riso. São os fabulosos "Ballets Trockadero de Monte Carlo". Sempre que vêm a Lisboa não perco a oportunidade de os ver.

domingo, 19 de fevereiro de 2017

"MOTOR DE COMBUSTÃO INTERNA" - Soares Teixeira



Motor de combustão interna:
máquina térmica que transforma a energia
oriunda de uma reacção química
em energia mecânica
nele não existe a respiração das acácias
nem o murmúrio dos astros
nem a intimidade de jardins lunares
mas existe poesia, sim
na asa do sonho
no rio do pensamento
na aliança entre o braço e o aço


Soares Teixeira – 19-02-2017
(© todos os direitos reservados)