Verdes são os
pinhais
mesmo no
interior da noite
verdes e
sagrados
mesmo no
interior de búzios esmagados
coberta de
sombras a nudez do lodo
expõe a
gangrena que mata a ave
no seu rosto
não há lugar para o engano
apenas o ser
chão sem flor nem alvorada
o uivo cresce
na esclerose
que comanda o
leme do navio de febre
alheio à dor da
lua por não poder ser luar
em olhos sem
planície nem mar
mas verdes são
os pinhais
mesmo no
interior da claridade apedrejada
mesmo diante da
hiena com focinho de cinza
verdes são os
pinhais
há crianças que
não dormem e as suas têmporas
são praias a
dizer o nome dos astros
há crianças de
todas as idades que dão as mãos
e que numa
dança de roda não dormem e são vento
formigas e
vulcões
sinos e
laranjas
cantam nos
caminhos siderais
verdes são os
pinhais
Soares Teixeira – 10-01-2015
(© todos os direitos reservados)