segunda-feira, 1 de setembro de 2014

QUINTA DOS LORIDOS




. Quinta dos Loridos. Fotografia de minha autoria


Na freguesia do Carvalhal, concelho do Bombarral, em terras que em tempos pertenceram ao Mosteiro de Alcobaça, ergue-se o belo solar da Quinta dos Loridos, uma enorme propriedade que para além de uma excelente produção vinícula acolhe o belíssimo "Jardim Oriental Buddha Eden"; 35 hectares de beleza e tranquilidade.

"INTERIOR", David Mourão-Ferreira - Soares Teixeira









sábado, 30 de agosto de 2014

"EM CRETA" - Soares Teixeira




"Fresco dos Golfinhos", procedente do Palácio de Cnossos. Museu Arqueológico de Heraklión, Creta.




Em Creta
saltei
como um golfinho azul
no espaço que guarda e aguarda
tudo o que foi é e será
promessa da ondulação da luz
em Creta
saltei
como um golfinho azul
no límpido futuro
anterior aos enigmas
anterior aos mitos aos ritos
anterior aos crânios aos olhares
em Creta
saltei
como um golfinho azul
nas águas do tempo antigo
ao lado de navios carregados
de ombros azuis
em Creta
saltei
como um golfinho azul
e passei entre os cornos do touro de vento
e essa foi a prova que me estava destinada
e o meu feito brilhou
na memória dos pássaros
na imaginação dos peixes
nas secretas colunas
de tudo o que é irreal
e no espantado olhar
de tudo o que retorna ao real
em Creta
ilha onde saltei como um golfinho azul
tive como prémio
retornar a Cnossos
e na procissão minoica
feliz caminhar entre os meus semelhantes
levando com devoção o vaso sagrado
agora compreendo
o movimento das pestanas de Ariadne
só ela sabia
que eu era um golfinho azul



Soares Teixeira – 30-08-2014
(© todos os direitos reservados)

"LIBERDADE", Miguel Torga - Soares Teixeira









domingo, 17 de agosto de 2014

"SAÚDO-VOS, IRMÃS MONTANHAS" - Soares Teixeira





(Andorra, 13-08-2014)


Aqui me têm, montanhas
diante de todo o além que libertam
e de todo o além que ocultam
aqui me têm
no primeiro momento dum silêncio que se completa
no primeiro momento dum olhar entoado pela leveza
no primeiro momento dum sentir infância nos espaços
no primeiro momento duma outra dimensão que se abre
corpo?
sim tenho um corpo
e ele é o vosso convés, montanhas
e ele tem a pele dos lagos
e ele tem o cântico das árvores
e ele tem o gosto a céu
ele é o caminho que pertence aos caminhos
e é neste corpo que partilho convosco
que cresce a hera da unidade, da unanimidade, do absoluto,
do imemorável, do inominável

O que me rodeia afinal?
o que habita o íntimo murmúrio da placidez que me recebe?
o poema
com astros no lugar dos olhos, distâncias no lugar dos lábios,
sede nos arcos dos gestos,

Diante de vós o que sou?
centro e orla; de presença e ausência, de princípio e fim
flor ancestral de pétalas estendidas no tempo
polpa de êxtase e fronteira para lá dos dias
uma nota mais na partitura do eterno

Saúdo-vos, irmãs montanhas
e porque viemos do mesmo cataclismo cósmico
ascendo dentro da boca da palavra
e a palavra é verbo
e o verbo é renascer
renasço, renascemos
o vosso respirar é o meu
e com a veemência do instante que ilumina a viagem
olho-vos para lá da liberdade de olhar
olho-vos e sou pássaro que vos leva nas asas
e juntos voamos rumo à incandescência da primeira sílaba

Espera-nos a frescura do sol inicial



Soares Teixeira – 17-08-2014
(© todos os direitos reservados)