segunda-feira, 1 de setembro de 2014
sábado, 30 de agosto de 2014
"EM CRETA" - Soares Teixeira
"Fresco dos Golfinhos", procedente do Palácio de Cnossos. Museu Arqueológico de Heraklión, Creta.
Em Creta
saltei
como um golfinho azul
no espaço que guarda e aguarda
tudo o que foi é e será
promessa da ondulação da luz
em Creta
saltei
como um golfinho azul
no límpido futuro
anterior aos enigmas
anterior aos mitos aos ritos
anterior aos crânios aos olhares
em Creta
anterior aos crânios aos olhares
em Creta
saltei
como um golfinho azul
nas águas do tempo antigo
ao lado de navios carregados
de ombros azuis
em Creta
saltei
como um golfinho azul
e passei entre os cornos do touro de vento
e essa foi a prova que me estava destinada
e o meu feito brilhou
na memória dos pássaros
na imaginação dos peixes
nas secretas colunas
de tudo o que é irreal
e no espantado olhar
de tudo o que retorna ao real
em Creta
ilha onde saltei como um golfinho azul
tive como prémio
retornar a Cnossos
e na procissão minoica
feliz caminhar entre os meus semelhantes
levando com devoção o vaso sagrado
agora compreendo
o movimento das pestanas de Ariadne
só ela sabia
que eu era um golfinho azul
Soares Teixeira – 30-08-2014
(© todos os direitos reservados)
sexta-feira, 29 de agosto de 2014
quinta-feira, 28 de agosto de 2014
domingo, 17 de agosto de 2014
"SAÚDO-VOS, IRMÃS MONTANHAS" - Soares Teixeira
(Andorra, 13-08-2014)
Aqui me têm, montanhas
diante de todo o além que libertam
e de todo o além que ocultam
aqui me têm
no primeiro momento dum silêncio
que se completa
no primeiro momento dum olhar entoado
pela leveza
no primeiro momento dum sentir
infância nos espaços
no primeiro momento duma outra dimensão
que se abre
corpo?
sim tenho um corpo
e ele é o vosso convés, montanhas
e ele tem a pele dos lagos
e ele tem o cântico das árvores
e ele tem o gosto a céu
ele é o caminho que pertence aos
caminhos
e é neste corpo que partilho convosco
que cresce a hera da unidade, da
unanimidade, do absoluto,
do imemorável, do inominável
O que me rodeia afinal?
o que habita o íntimo murmúrio da
placidez que me recebe?
o poema
com astros no lugar dos olhos, distâncias
no lugar dos lábios,
sede nos arcos dos gestos,
Diante de vós o que sou?
centro e orla; de presença e
ausência, de princípio e fim
flor ancestral de pétalas estendidas
no tempo
polpa de êxtase e fronteira para
lá dos dias
uma nota mais na partitura do
eterno
Saúdo-vos, irmãs montanhas
e porque viemos do mesmo cataclismo
cósmico
ascendo dentro da boca da palavra
e a palavra é verbo
e o verbo é renascer
renasço, renascemos
o vosso respirar é o meu
e com a veemência do instante que ilumina
a viagem
olho-vos para lá da liberdade de
olhar
olho-vos e sou pássaro que vos
leva nas asas
e juntos voamos rumo à incandescência
da primeira sílaba
Espera-nos a frescura do sol
inicial
Soares Teixeira – 17-08-2014
(© todos os direitos reservados)
domingo, 10 de agosto de 2014
VLADIMIR HOROWITZ - 1º AND. "SONATA AO LUAR", BEETHOVEN
Uma das mais sublimes interpretações que já ouvi deste sublime 1º andamento da Sonata ao Luar de Beethoven. Belo, transcendência total, compreensão absoluta desta fabulosa peça, domínio absoluto da alma do piano.
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