sábado, 27 de abril de 2013
quinta-feira, 25 de abril de 2013
"MEU AMIGO" - Soares Teixeira
Meu amigo
ainda que estejas
com a alma naufragada
sonha
pode ser que renasças
de tanto sonhar
ainda que estejas
com a vontade debaixo de uma rocha
ergue-te
pode ser que levantes
a pedra fundadora da tua liberdade
ainda que estejas
com a palavra no labirinto do silêncio
fala
pode ser que os teus lábios
te empurrem para dias sem névoa
Meu amigo
vai à lonjura da tua sombra
e observa o extremo da corrente
que tem mantém dócil
e se afunda no lago
do teu sangue de alma
aí verás feras humanas
a saciarem-se com a tua existência
vai depois ao instante
em que caíste
nos dentes do medo
e lá descobrirás uma mão que te chama
a tua mão tu
mesmo a tua razão
Meu amigo
ainda que a mentira e a traição
te arrastem para a praça pública
para que sejas destroço
aos olhos de todos
não desistas
canta
e resiste cantando
é o pior que lhes podes fazer
Soares Teixeira – 25-04-2013
(© todos os direitos reservados)
domingo, 21 de abril de 2013
"SOLIDÃO" - Soares Teixeira
Há noites
em que a respiração do silêncio
é mais intensa
pressentem-se nas esquinas
cavalos inquietos de frio e névoa
que soltam mudos relinchos de ausência
sob a luz difusa dos candeeiros
das ruas desertas
e nós ali
tão próximos do vazio
a sentir o martelar das têmporas
a cada passo que nos sai dos pés
isto pode acontecer
a qualquer hora
ou em qualquer lugar
é assim a solidão
Soares Teixeira – 26-02-2013
(© todos os direitos reservados)
sábado, 20 de abril de 2013
domingo, 14 de abril de 2013
quarta-feira, 10 de abril de 2013
"A BONECA" - Soares Teixeira
Corria-lhe o luar nas veias
e entornava sonhos nos espelhos
Contava beijos futuros
e recordava cavalos brancos
de príncipes imaginados
Era bonita
parecia sobrar das flores e do ar
e ser mais leve que a ambição
de uma folha ao vento
Tinha uma boneca
que a conhecia melhor que ninguém
Um dia descobriram que tinha crescido
então casaram-na
para que deixasse de ser
aquele caule de luz e sonho
quase rosa quase lírio de carne e luar
Olhou-se ao espelho
sentiu o peito difícil
deu um beijo na sombra
e partiu
foi ser mulher
Quando passados muitos anos
encontraram morta
a velha palmeira humana
entre as mãos tinha uma boneca
com tranças negras
- Nunca vi a avó de tranças.
porque as terá feito hoje?
só a boneca sabia a resposta
Soares Teixeira – 26-03-2013
(© todos os direitos reservados)
terça-feira, 2 de abril de 2013
"UM NOVO MUNDO" - Soares Teixeira
Olha!…
olha o mar
estás a ver aquela ilha
que não está ali?
vamos na barca do beijo
rumo àquele lugar de exílio
onde sobre o chão da liberdade
plantaremos árvores de instantes só nossos
vamos na barca do beijo
rumo àquele lugar que nos chama
com ondas na boca
e claridade no olhar
Olha como é bela
a ilha que estremece
numa ânsia de querer nascer
Olha!…
toda aquela terra a sair dos nossos corpos
todos aqueles rios a brotarem do nosso olhar
todas aquelas flores a irromperem do nosso abraço
Olha como é bela
a nossa ilha
a ilha que nos procura
nos pulsos no ventre e nas coxas
como se fossemos
a promessa de uma navegação
que irá criar um novo mundo
Soares Teixeira – 26-03-2013
(© todos os direitos reservados)
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