O vento inclina a cabeça
para o antiquíssimo touro
que fecunda a terra
rumor de folhagem
no corpo do instante
a claridade cresce na manhã
o sol ergue os braços
de todas as coisas
libertam-se
pássaros de inquietação
de súbito um silêncio
quase violento
o homem surge
no olhar o seu ofício
caminha frontal
como uma falésia
a música nasce-lhe dos passos
o touro chama os mitos
a terra chama os homens
o sol chama os deuses
chegou aquele
a quem se tem de se prestar culto
Beethoven
Soares Teixeira – 23-02-2013
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